É um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades de interação social, comunicação e comportamentos repetitivos e restritos, hoje conhecido como TEA Transtorno do Espectro do Autismo.

A organização mundial de saúde estima que 1 em cada 54 crianças é diagnosticada com Autismo. Ele é mais comum em meninos do que em meninas, a cada 5 crianças diagnosticadas, 4 são meninos.

Apenas como curiosidade, a cor azul associada ao Dia Mundial do Autismo veio da incidência maior de meninos autistas. Talvez hoje isso não faça tanto sentido, pois questiona-se essa associação de azul para meninos e rosa para meninas…

Em 18 de dezembro de 2007 foi criado o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. Desde então, o Autismo é celebrado anualmente no Dia 2 de Abril.

Saiba como é feito o diagnóstico de Autismo

O diagnóstico de autismo é clínico e deve ser feito por profissionais especializados através da observação da criança e conversa com pais e familiares. Já no primeiro ano de vida é possível detectar alguns sinais, como contato visual pobre, ausência de balbucio ou gestos sociais, não responder pelo nome quando chamado.

Os pais observam pouco interesse em compartilhar objetos e dificuldade em desviar o foco em atividades que interessa à criança. Problema para dormir também é uma característica muito presente no autismo, assim como seletividade para alimentos, medos excessivos e hipersensibilidade a determinados barulhos ou estímulos.

Outros sinais relevantes para o diagnóstico é a excessiva preferência por determinados objetos, texturas, cores ou jogos. Pode haver uma demora para engatinhar, andar, falar e até mesmo regressão da fala entre 1 e 2 anos. 

O especialista fará o diagnóstico baseado nas conversas com pais e na observação desses sintomas. Não existem exames de laboratório que confirmem o autismo, sendo um diagnóstico clínico feito pela observação da criança em diferentes ambientes.

Muitas vezes o diagnóstico acontece quando a criança já está na escola, sendo o papel dos professores fundamental para identificar sinais que possam indicar o autismo.

3 critérios diagnósticos de autismo

  • Inabilidade persistente na comunicação social, manifestada em déficits na reciprocidade emocional e nos comportamentos não verbais de comunicação usuais para a interação social.
  • Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividade, manifestados por movimentos, falas e manipulação de objetos de forma repetitiva e/ou estereotipada, insistência na rotina, rituais verbais ou não verbais, inflexibilidade a mudanças, padrões rígidos de comportamento e pensamento; interesses restritos e fixos com intensidade; hiper ou hipo atividade a estímulos sensoriais.
  • Os sintomas devem estar presentes no período de desenvolvimento, em fase precoce da infância, mas podem se manifestar com o tempo conforme as demandas sociais excedam as capacidades limitadas. 

Todos esses sintomas causam prejuízos significativos no funcionamento social, profissional e em outras áreas da vida da pessoa com autismo.

3 Níveis de gravidade do Autismo

Nível 1 — Leve

As pessoas com nível leve de autismo, em relação à interação e comunicação social, apresentam prejuízos, mas não necessitam de tanto suporte. Têm dificuldade nas interações sociais, respostas atípicas e pouco interesse em se relacionar com o outro.

Em relação ao comportamento, apresentam dificuldade para trocar de atividade, independência limitada para autocuidado, organização e planejamento.

Nível 2 — Moderado

As pessoas com nível moderado de autismo, em relação à interação e comunicação social, necessitam de suporte substancial, apresentando déficits na conversação e dificuldades nas interações sociais, as quais, muitas vezes, precisam ser mediadas.

Em relação ao comportamento podem apresentar dificuldade em mudar de ambientes, desviar o foco ou a atenção, necessitando suporte em muitos momentos.

Nível 3 — Severo

As pessoas com nível severo de autismo, em relação à interação e comunicação social, necessitam de muito suporte, pois apresentam prejuízos graves nas interações sociais e pouca resposta a aberturas sociais. 

Em relação ao comportamento, apresentam dificuldade extrema com mudanças e necessitam suporte muito substancial para realizar as tarefas do dia a dia, incluindo as de autocuidado e higiene pessoal.

Além desses fatores, outros critérios específicos para o diagnóstico de autismo são: prejuízo intelectual e de linguagem, condição médica ou genética, outras desordens do neurodesenvolvimento ou transtornos relacionados.

4 principais objetivos do tratamento

  • Estimular o desenvolvimento social e comunicativo;
  • Aprimorar o aprendizado e a capacidade de solucionar problemas;
  • Diminuir comportamentos que interferem no aprendizado e possibilitar o acesso às oportunidades de experiências do cotidiano;
  • Ajudar as famílias a lidarem com o autismo.

Saiba mais sobre o tratamento do Autismo

Como estamos falando de um transtorno que pode apresentar níveis diferenciados, não existe um tratamento único melhor, deve ser personalizado conforme as limitações e necessidades da pessoa. As famílias, as psicoterapias e o sistema de ensino são os principais recursos para o tratamento.

 O tratamento psicológico com mais evidência de eficácia, segundo a Associação Americana de Psiquiatria, é a terapia de intervenção comportamental — aplicada por psicólogos. A mais usada delas é o ABA (Applied Behavior Analysis ou, análise aplicada do comportamento).

Como o tratamento para autismo é interdisciplinar, os pacientes  também poderão se beneficiar com intervenções de fonoaudiologiaterapia ocupacional, equoterapia, entre outros profissionais.

É importante que o tratamento psicológico seja iniciado logo após o diagnóstico, possibilitando obter resultados melhores.

 Autismo x Asperger

Você já deve ter ouvido falar que Asperger é um tipo de autismo mais leve, mais brando ….

Na realidade o Asperger também é considerado um transtorno do neurodesenvolvimento e recebe esse nome por ter sido estudado pelo médico austríaco Hans Asperger.

O que esses transtornos têm em comum?

Dificuldades de interação social, de comunicação ou linguagem, forma de pensamento, de imaginação, comportamentos repetitivos e restritos.

Atualmente, ao contrário do que muita gente pensa, estes transtornos não são considerados doenças, e por isso não se fala em cura. Ambos os transtornos são condições relacionadas ao neurodesenvolvimento que afetam como algumas pessoas percebem o mundo e se socializam. É, portanto, um jeito de ser e um modo de se viver.

As pessoas com esses transtornos precisam ser compreendidas, acolhidas estimuladas e tratadas para se inserirem na sociedade e terem uma vida familiar, escolar e social compatível com as suas necessidades especiais e suas demandas pessoais.

Sabe-se que no século passado o autismo foi considerado um tipo de demência e foi tratado como um sintoma da esquizofrenia, e conforme os estudos foram se desenvolvendo, esse conceito se mostrou incorreto e a forma de tratamento utilizada na época se mostrou inadequada.

Conforme o cérebro humano vêm sendo estudado e com o avanço da neurociência, a definição de transtornos do neurodesenvolvimento trouxe um olhar diferente para esta questão.

A partir de 2013 foram assumidos como espectros, termo mais adequado e atual para compreender e tratar diferentes níveis de transtornos neurológicos.

 Ainda não se sabe ao certo a causa desses transtornos, porém há evidências de que haja predisposição genética e fatores hereditários que influenciam bastante para estes transtornos. Estudos demostraram que fatores ambientais contribuem com menor probabilidade para o autismo.

7 Diferenças entre Autismo e Asperger

  • No autismo o coeficiente intelectual geralmente é abaixo do normal e no Asperger o coeficiente intelectual geralmente é acima do normal.
  • O diagnóstico do autismo normalmente é feito antes dos 3 anos de idade da criança, e no Asperger o diagnóstico é feito depois dos 3 anos de idade da criança.
  • No autismo ocorre atraso no aparecimento da linguagem e no Asperger o aparecimento da linguagem ocorre em tempo normal.
  • No autismo cerca de 25% não são verbais, no Asperger 100% são verbais.
  • No autismo a gramática e o vocabulário são limitados, no Asperger a gramática e o vocabulário são acima da média.
  • No autismo o desenvolvimento físico é normal, no Asperger a criança sente-se confusa.
  • Um terço dos autistas apresentam convulsões e no Asperger a taxa de incidência de convulsão é igual que o resto da população.

Se você gostou desse tema e deseja saber mais a respeito, entre em contato com a Clínica Psiu, nossas psicólogas terão muito prazer em lhe orientar.

Rosemary Aparecida Kuwabara – Psicóloga Clínica & Coach CRP 06/45744