Além dos aspectos físicos, a vítima pode desencadear problemas como depressão, ansiedade, transtornos alimentares, distúrbios sexuais e de humor e ter toda a sua saúde impactada

A violência contra a mulher ainda continua sendo um dos muitos impeditivos da sociedade machista em que vivemos para a equidade de direitos entre homens e mulheres. Além de crime, é um problema sério de saúde pública no Brasil e no mundo.

Em 2002 a Organização Mundial da Saúde (OMS) considerou violência contra a mulher qualquer ato que cause ou tenha alta probabilidade de causar dano físico, sexual, mental ou sofrimento, incluindo as ameaças desses atos, a coerção ou a privação arbitrária da liberdade, independentemente de se ocorrida na vida pública ou privada.

Segundo pesquisa do Instituto Datafolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e divulgada em junho de 2021, 1 em cada 4 mulheres acima de 16 anos afirmou ter sofrido algum tipo de violência. Uma constatação que cerca de 17 milhões de mulheres (24,4%) sofreram violência física, psicológica ou sexual apenas no ano passado.

Outro dado alarmante também é sobre a incidência de mulheres que passam por situações de violência no trabalho, sem sequer saberem que são circunstâncias de abuso. Pesquisa realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e Locomotiva apontou que violências cotidianas no trabalho ainda não são reconhecidas: 36% das trabalhadoras dizem já terem sofrido preconceito ou abuso por serem mulheres; porém, quando apresentadas a diversas situações, 76% reconhecem já ter passado por um ou mais episódios de violência e assédio no trabalho.

Podemos perceber que a violência contra a mulher ainda é comum e está enraizada em todas as esferas do mercado de trabalho, das relações amorosas, do cotidiano e da convivência feminina, gerando sobretudo, severas consequências para a saúde delas, com sequelas pós-traumáticas que pode afetá-las de tal forma que já se tornou um problema de saúde pública no Brasil e no mundo.

No Brasil, 70% dos crimes contra a mulher acontecem no ambiente doméstico e são praticados, na sua maioria, pelos parceiros íntimos, de acordo com levantamento do Ministério da Saúde. Os danos desse trauma para o bem-estar feminino são ainda piores do que a violência das grandes cidades em que toda a população está sujeita, pois envolve a dor física da violência – muitas das vezes – e a dor psicológica da agressão, pois torna-se ainda mais dolorida quando é praticada por alguém próximo da vítima.

De acordo com o Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), do Ministério da Saúde, mulheres sofrem quatro vezes mais violência psicológica do que os homens. O pós-trauma da violência tem diversas consequências para o equilíbrio mental, como a depressão, a ansiedade, os distúrbios sexuais, de humor e de sono, além dos transtornos alimentares, problemas que permanecem por muitos anos causando desestabilidade na saúde da mulher e fazendo com que lembrem ainda por muito tempo da violência sofrida.

Dentre os sintomas mais comuns que são desenvolvidos pelas vítimas estão a insônia, pesadelos, falta de concentração, irritabilidade, falta de apetite e o surgimento até mesmo de problemas mentais mais sérios, como síndrome do pânico, e comportamentos autodestrutivos como uso de álcool, drogas e até mesmo tentativas de suicídio.

E quando a agressão acontece no ambiente doméstico, toda a família é afetada. Os filhos podem desenvolver medos, replicar atitudes de violência, ter problemas no avanço escolar e ter disfunções no desenvolvimento, como fazer xixi na cama, ter medo de ficar sozinho, querer fugir de casa, entre outros problemas.

Os aspectos psicológicos causados pela violência contra a mulher são diversos e podem permear por anos e anos na vida da vítima, contribuindo para um ciclo de dor e sofrimento que são extremamente nocivos à saúde feminina. Além do mais, a vítima ainda tem que lidar com julgamentos e culpas por suas atitudes terem supostamente terem colaborado com as agressões, pensamentos claramente ligados ao machismo estrutural que ainda valida atitudes que colaboram com este tipo de crime.

A psicologia tem como objetivo observar a saúde mental da vítima e traçar soluções para que o trauma seja minimizado e a mulher possa superar o trauma com mecanismos que a possibilitem resiliência e enfrentamento à dor. Consulte um psicólogo e converse a respeito de qualquer situação de violência.

A Psiu pode ajudar nesse momento. A psicologia é sempre uma opção!